Classificação de áreas

Para a correta especificação dos equipamentos elétricos e eletrônicos aplicados em determinada indústria, é imprescindível consultar o plano de classificação de áreas da unidade. Somente desta forma o projetista da instalação elétrica pode garantir a segurança da instalação e dos usuários.

Diversas normas podem servir como orientação ao profissional habilitado, responsável pelo estudo de classificação de áreas. Porém, ao contrário do que muita gente pensa, não existe uma “receita de bolo”.

Um programa de auditorias em projetos e instalações elétricas com base nos requisitos da NR-10, realizado em uma empresa química, constatou falta de coerência nos documentos de classificação de áreas. Com base nesta auditoria, constatou-se que grande parte dos estudos foi confiada a profissionais sem a necessária qualificação.

Uma das razões aventadas para explicar as causas desta situação seria o estilo das normas americanas deste segmento. A profusão de “figuras típicas”, aparentemente pode ter contribuído para que os responsáveis por tais estudos apenas as copiassem, não atentando para a leitura cuidadosa das considerações contidas no texto daquelas normas.

Os desenhos de classificação de áreas são apenas a parte final – e não a única – de tal estudo. Eles espelham as considerações adotadas pelo profissional responsável, com relação às condições ambientais. E isto está devidamente escrito em todasas seções das normas americanas. Na API RP-500, por exemplo, é encontrada a seguinte nota, abaixo da maioria das figuras representadas: “Distâncias dadas para uma refinaria típica: elas devem ser usadascom critério, levando em consideração todos os fatores abordados no texto. Em algumas situações, maiores ou menores distâncias podem ser necessárias.”

Para ilustrar a abrangência destas notas, podemos citar a introdução da norma: “ As publicações API podem ser usadas por qualquer um que desejar fazê-lo. Todo esforço é feito pelo Instituto para assegurar a acurácia e a confiabilidade dos dados contidos nelas; entretanto, o Instituto expressamente não assume qualquer responsabilidade por perdas ou danos resultante em seu uso, ou violação de qualquer lei que esta publicação possa conflitar.”

Outra questão diz respeito a tal “refinaria típica”. Considerando que as figuras desta norma mantêm-se praticamente inalteradas ao longo de décadas, a tal “refinaria típica” seria aquela que hoje possui a mesma tecnologia de processo praticadahá décadas atrás? Ou “típica” estaria relacionada à capacidade de produção da refinaria, como por exemplo 20mil barris/dia?

Portanto, as figuras que estão nas normas americanas não podem ser simplesmente copiadas. Devem servir apenas como um auxilio ao responsável pelo estudo para a visualização de uma das prováveis formas daquela situação.

Tal assertiva pode ser comprovada através da comparação da figura mostrada naquela norma para a classificação de área para armazenamento de produtos inflamáveis em outras normas para a classificação de área para armazenamento de produtos inflamáveis em tanques deteto fixo, com figuras mostradas em outras normas para a mesma condição, como por exemplo, a norma IP-15.

Já que elas são diferentes, qual está certa e qual está errada? Na verdade, as duas podem ser consideradas certas, pois, conforme citada, tais figuras destinam-se apenas a ajudar o profissional responsável na visualização das prováveis condições, e não para atribuir uma situaçãofinal, definitiva e imutável, para todos oscasos possíveis de combinação deprodutos, construção e condições atmosféricas.

Para que o estudo esteja confiável, é necessário que o profissional responsável tenha uma considerável bagagem técnica. O consenso é que não basta ao profissional responsável por um estudo de classificação de áreas apresentar em seu currículo, apenas um certificado defreqüência em um curso de instalações elétricas em atmosferas explosivas. Apenas profissionais com comprovada experiência em equipamentose processos, e que possuam treinamento especifico para condução de estudos de classificação de áreas, podem realizar um trabalho confiável.

Cabe ressaltar que devem ser feitas considerações especiais para os produtos brasileiros, como nossa “gasolina”, que por ser misturada com álcool, nos impede de copiar as considerações das normas de outros países.

Estellito Rangel Junior
Engenheiro Eletricista e Representante do CB/ABNT na IEC/TC-31