Ex IC

Há alguns anos, o TC-31 da IEC retirou o tipo de proteção por limitação de energia “Ex nL” da norma IEC 60079-15 e o transferiu para o subcomitê de segurança intrínseca (SC-31G). Essa diretriz deu origem ao tipo de proteção “Ex ic”, que foi incorporado às normas IEC 60079-11, IEC 60079-25 e IEC 60079-27. O conceito de limitação de energia foi mantido. Desta forma, os circuitos intrinsecamente seguros “ic” deveriam atender aos requisitos estabelecidos para operação normal, acrescidos de exigências construtivas para garantir sua integridade. Neste caso, a operação normal inclui condições de circuito aberto e curto-circuito de fiação de campo, permitindo intervenção sob energização.

Apesar de semelhantes, havia diferenças entre o tipo de proteção americano “não acendível”, utilizado em Divisão 2, e os tipos “nL” e “ic”. A principal delas é que no equipamento “não acendível” é aplicado um fator de segurança de 1,1 na avaliação das curvas de ignição enquanto nos tipos “nL” e “ic” é empregado 1,0. Isto significa que equipamentos “ic” e”nL” podem não satisfazer aos requisitos dos “não acendíveis”.

O tipo Ex ic também introduziu uma mudança nas características da instalação, a qual ficou sujeita aos requisitos dos circuitos de segurança intrínseca com relação às distâncias de isolamento nos terminais entre circuitos Ex i e não Ex i – o que tinha outra abordagem nos circuitos Ex nL. A potência permitida nos circuitos “ic” é maior do que nos outros circuitos de segurança intrínseca.

A mudança para “ic” não objetivou alterar o princípio fundamental do nível de proteção “nL”, mas adicionou requisitos mais específicos, evitando a adoção de critérios particulares de aceitação por cada laboratório de ensaio.

Vantagens

A mudança para o tipo Ex ic favoreceu possibilidades interessantes na aplicação dos níveis de proteção “ia” e “ib” em Zona 2. Por exemplo, a capacitância permitida no uso de uma fonte de 28 V passou de 83 nF para 272 nF. O uso de fontes de energa “ia” e “ib” em sistemas “ic” ampliou a faixa de parâmetros aceitáveis para os cabos elétricos, permitindo utilizá-los com comprimentos maiores.

Como a maioria dos equipamentos “ia” e “ib” são certificados para a classe de temperatura T4, não foi necessário reavaliá-los para aplicações em Zona 2, salvo se a atmosferas for de dissulfeto de carbono.

O nível “ic” continuou permitindo o uso de dispositivos simples em circuitos na Zona 2, removendo eventuais preocupações com interruptores, termopares e similares.

Requisitos de certificação 

Os requisitos de certificação para equipamentos destinados ao uso em Zona 2/Divisão 2 variam. Na América do Norte e Brasil, por exemplo, a certificação por terceira parte é obrigatória, enquanto na Europa, a ATEX permite uma declaração do fabricante. Uma consequência disso é que os fabricantes podem evitar lançamentos exclusivamente “ic”na América do Norte e Brasil, pois exigiriam uma certificação específica, enquanto equipamentos certificados “ia” e “ib” continuam adequados para uso em Zona 2.

Conclusão

A substituição de “nL” por “ic” não alterou o princípio básico da segurança intrínseca em condição normal de operação. A reunião dos três níveis de proteção ia, ib e ic dentro de um único tipo de proteção permitiu sua cobertura em uma única norma, a IEC 60079-11.

Apesar de conceitualmente similares, instalações novas vão requerir análise mais detalhada por parte de um especialista, como, por exemplo, para verificação da compatibilidade entre os parâmetros de projeto de uma nova fonte Ex ic a ser instalada em um circuito Ex nL existente. A evolução do nível de proteção “ic” é difícil de prever, porém espera-se que em breve novas opções “ic” é difícil de prever, porém espera-se que em breve novas opções de equipamentos “ic” sejam lançados no mercado.

 

Estellito Rangel Júnior

Eletricidade Moderna