Novos requisitos para equipamentos imersos em líquido para atmosferas explosivas com tensão até 245 kV – Tipo de proteção Ex “o”

Foi publicada pela IEC em 24/02/2020, a Edição 4.1 (consolidada) da Norma sobre atmosferas explosivas: IEC 60079-6 – Proteção de equipamentos por imersão em líquido “o”. 

Esta Parte da Série de Normas Técnicas Internacionais IEC 60079 especifica os requisitos para o projeto, fabricação, ensaios e marcação de equipamentos “Ex” e componentes “Ex” com tipo de proteção por imersão em líquido “o”, destinados à utilização em atmosferas explosivas de gases inflamáveis. 

Podem ser citados como exemplos de equipamentos elétricos para instalação em atmosferas explosivas com o tipo de proteção Ex “o” os transformadores de potência, com enrolamentos de força e demais componentes elétricos imersos em um líquido de proteção.

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A técnica de proteção Ex “o” é aplicável também a equipamentos eletrônicos de alta tensão instalados em áreas classificadas, tais como os sistemas de chaveamento de alta tensão (da ordem de 50 kV) comumente utilizados em precipitadores eletrostáticos e dessalgadoras de petróleo.

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Equipamentos e componentes “Ex” com o tipo de proteção por imersão em líquido “o” podem proporcionar:

  • Nível de proteção “ob” (EPL “Mb” ou “Gb”)
  • Nível de proteção “oc” (EPL “Gc”)

 Para o Nível de Proteção “ob”, esta Norma é aplicável quando a tensão nominal não exceder 11 kV. Para o Nível de Proteção “oc”, esta Norma é aplicável quando a tensão nominal não exceder 15 kV. Adicionalmente, para o nível de proteção (EPL) “oc”, é aplicável o novo Anexo D, quando a tensão nominal for maior que 15 kV, até 245 kV

Por solicitação do Brasil e de outros países participantes do TC 31 da IEC, foram incluídos na IEC 60079-6 requisitos para tensões mais elevadas para aplicações de equipamentos e sistemas Ex “o” com tensão nominal até 245 kV

A tensão de equipamentos elétricos com tipos de proteção Ex “o” era historicamente limitada para o nível de proteção (EPL) “oc” até 15 kV. No entanto, existem aplicações atuais com tensões superiores, para alimentar instalações marítimas (offshore) que estão localizadas distantes da costa. Níveis de tensão até 245 kV são requeridas para permitir a transmissão de energia elétrica até centenas de quilômetros da costa para instalações offshore ou entre instalações terrestres e marítimas em atmosferas explosivas. Para incorporar estes requisitos existentes, foi incluído como um “amendment” na IEC 60079-6 Ed. 4.1, um novo Anexo D (Normativo): Requisitos complementares para equipamentos elétricos com nível de proteção (EPL) “oc” para tensões acima de 15 kV até 245 kV inclusive

Este novo Anexo D da IEC 60079-6 Ed. 4.1 pode ser aplicado a transformadores de potência imersos em líquido, reatores, reguladores de potência, comutadores de tap (tap-changers) ou outros equipamentos elétricos de alta tensão imersos em líquido instalados em áreas classificadas, para os quais não existam normas IEC aplicáveis, como conectores móveis (swivels) para conexões elétricas de alta tensão, resistores de aterramento imersos em óleo e resistores de chaveamento imersos em óleo. 

Com o advento de equipamentos “Ex” com tensões até 245 kV, serão elaborados os respectivos requisitos e procedimentos de serviços de seleção de equipamentosmontageminspeçãomanutenção e reparos, nas respectivas normas técnicas da Série IEC 60079. 

A Comissão de Estudo CE 003:031.002 do Subcomitê SCB 003:031 (Atmosferas explosivas) da ABNT/CB-003 (COBEI), responsável pela elaboração e atualização da respectiva Norma técnica brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-6, acompanhou todo o processo de atualização, comentários, revisão, votação, aprovação e publicação da respectiva Norma internacional da IEC 60079-6. 

Esta Comissão de Estudo contou com a participação de profissionais envolvidos com equipamentos e instalações em atmosferas explosivas, representantes das seguintes empresas: CONAUT, EATON/CROUSE-HINDS/BLINDA, EMERSON / NUTSTEEL, MELFEX, NAVILLE, PETROBRAS, REEME ILUMINAÇÃO, SEW, SOUL CONSULTORIA, TRAMONTINA e WEG.Esta Norma Técnica Brasileira é uma adoção idêntica, em conteúdo técnico, estrutura e redação, à IEC 60079‑6, que foi elaborada pelo Technical Committee Equipment for Explosive Atmospheres (IEC/TC 31), conforme ISO/IEC Guide 21‑1 e ABNT Diretiva 3 – Adoção de documentos técnicos internacionais.

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As Normas Técnicas Brasileiras adotadas das Séries ABNT NBR IEC 60079 e ABNT NBR ISO 80079 elaboradas pelas Comissões de Estudo do Subcomitê SCB 003:031 do Cobei são idênticas, sem desvios técnicos nacionais em relação às respectivas normas internacionais da IEC. Seguindo a tendência e a convergência normativa mundial dos países membros da IEC, incluindo o Brasil, as Normas Técnicas nacionais que envolvem os processos de avaliação da conformidade de empresas de prestação de serviços “Ex”, de competências pessoais “Ex” e de equipamentos elétricos e mecânicos “Ex” são Normas adotadas, idênticas às respectivas normas internacionais da IEC. 

Esta política de normalização tem por objetivo harmonizar as Normas Nacionais com a Normalização internacional, de forma a padronizar os procedimentos de projeto, fabricação, ensaios, marcação, avaliação da conformidade, instalação, inspeção, manutenção, reparos, recuperação de equipamentos e competências pessoais “Ex”. 

Ações como estas contribuem para a integração dos fabricantes, laboratórios de ensaios, empresas usuárias, organismos de certificação de produtos e de pessoas e provedores de treinamentos brasileiros com o mercado e a comunidade internacional “Ex”, bem como para a elevação dos níveis de segurança, saúde, meio ambiente, avaliação de risco, ensaios, qualidade, desempenho, confiabilidade, procedimentos de execução de serviços e competências pessoais relacionados com as instalações nacionais “Ex”. 

Pode ser verificado que, com a efetiva participação do Brasil, os níveis de aplicação de equipamentos e instalações em atmosferas explosivas especificados na Série de Normas Internacionais IEC 60079 estão sendo ampliados dos atuais 15 kV para 245 kV, representando um significativo salto de 16 vezes, incorporando as atuais tecnologias disponíveis na indústria do petróleo, em instalações terrestres e marítimas.

Roberval Bulgarelli