Perigo Eminente – Parte 3

MERCADO ADAPTADO

A partir de  1 de janeiro de 2012,  todo o mercado o mercado brasileiro teve de se adequar a  ao novo padrão de plugues e tomadas, segunda definição do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). Fabian Yaksic, gerente do departamento de tecnologia e politica industrial da Associação Brasileira da Industria Elétrica e Eletrônica (ABINEE) conta  que o prazos foram bastante ” condensados ”, com exigências unilaterais por parte do Inmetro, que permanentemente ouviu a sociedade, e em particular , a Abinee, que por sua vez, ouviu os fabricantes e o comércio para saber quais os prazos eles poderiam adequar-se  para inserir no mercado novos plugues e tomadas padrão.

Como forma de evitar acidentes, não é recomendada a utilização de adaptadores de forma permanentemente, mas, sim, de maneira temporária. ” Como estava havendo a mudança do tipo de tomada, nós insistimos com o Inmetro sobre a criação da certificação compulsória também dos adaptadores, por que não há sentido, digamos, termos um tomada segura, e um adaptador, que  é uma figura provisória, que não atenda a norma alguma. Assim, felizmente, foi elaborada uma norma para fabricação dos adaptadores, com as exigências mínimas de segurança”, comemora Yasksic.

O novo padrão sinaliza que a tomada conta com um fio-terra, garantindo a segurança dos usuários e da própria instalação. ” É importante que os construtores, empresas de construção civil e entidades de classe estejam permanentemente conscientes – assim conforme a NBR 5410 não apenas em construções de pequeno porte, mas também em residências de menor poder aquisitivo, sempre instalando o fio-terra, com fios e cabos adequadamente dimensionados conforme a norma, e plugues e tomadas dentro do novo padrão ”, recomenda Yaksic.

Nas construções  pré existentes, os próprios consumidores finais estão optando por mudar as tomadas. Mesmo os produtos antigos que apresentavam pinos redondos –  nos quais não era exigido o terra – podiam ser ligados tanto na tomada antiga como na nova. Hoje em dia cerca de 80% dos produtos antigos adéquem-se  ao novo padrão.

” Há mais de seis meses que não encontro tomadas antigas no mercado, e posso dizer que percorro bastante o comércio de várias cidades. Vejo que estão sendo comercializados somente tomadas e plugues padrão, o que significa que a sociedade, de modo geral, e o comércio, em particular, atenderem rapidamente o que achávamos que levaria um certo tempo ”, comenta Yaskic.

DE OLHO NA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

Em vários campos de atividade, o problema brasileiro é a má formação na educação, de base, e no setor de eletricidade não é diferente. A construção civil é o setor que agrega a maior quantidade de colaboradores situados na base da pirâmide educacional, e sem um programa de Estado para erradicar de vez o analfabetismo na nossa sociedade, estamos fadados à ocorrência de acidentes. ” Por mais que as entidades privadas se esforcem com programas de qualificação e reciclagem, não conseguem atender toda a demanda da educação reprimida ‘, afirma José Valdissera, do Sindinstalação.

A qualidade da mão de obra, com foco especifico em instalações elétricas ligadas ao setor de construção civil, demanda investimentos, a fim de criar requisitos para a própria cerificação voluntária dos eletricistas. É importante que as empresas instaladoras e/ou construtoras utilizem profissionais capacitados para executar os trabalhos.

É possível afirmar que o atendimento às normas já disseminado entre os profissionais legalmente habilitados no País. Não exigimos que os eletricistas conheçam a 1.500 normas do Cobei, até mesmo por que elas não são feitas para eles, mas sim, para engenheiros e técnicos as interpretarem e dirigirem. É importante salientar que o eletricista não é o profissional que toma decisões ele executa decisões tomadas por um profissional habilitado legalmente ” adverte Barreto.

No mercado formal, a cada ano ingressam  centenas de profissionais. A questão da mão de obra também requer atenção e está dividida entre dois aspectos: conhecimento, ou seja, formação, e operacional isto é, execução e treinamento.

O conhecimento necessário para os trabalhos está relacionado a técnicos, tecnólogos e engenheiros formados, o que remete ao ensino da área tecnológica. Neste cenário, perdura um grave problema discutido em fóruns e também em âmbito governamental. barreto esclarece que o ensino superior ou técnico está impotente e que não há o que fazer para melhorar a formação, por que a matéria-prima chega sem condições de receber o conhecimento.

” O estudante de curso técnico e de engenharia estão tão despreparado que as faculdade, por exemplo, tiveram de readequar as disciplinas e o conteúdo curricular para falarem a mesma linguagem deste público, o que é um verdadeiro absurdo ”, comenta.

Ele conta ainda que o problema está na falta de capacidade cognitiva dos profissionais, os quais se formam sem condições de estruturar uma conexão entre os conteúdos que receberam durante o curso. ” Assim, são criados autônomos ou analfabetos funcionais. Precisamos de profissionais criativos em condições de acompanhar a evolução tecnológica ‘, alerta.

Existe um dado que aponta que a obsolência  técnica está estimado em três anos. Desta forma, o ensino deve ser eclético o suficiente para permitir ao individuo raciocinar no futuro, ainda enquanto estudante, e ao mesmo tempo prepará-lo para o mercado vigente.

” Não é de hoje que o ensino básico e fundamental estão uma lástima. Na verdade esse desastre aconteceu no final dos anos  1960, quando houve uma acentuada reforma do ensino na época da ditadura militar. Em minha opinião, o objetivo foi ” emburrecer ”a população a fazer com que ela não pensasse como deveria. Em função do que ocorreu, estamos colhendo os frutos agora ”, ressalta Barreto.

O outro aspecto problemático é a mão de obra operacional, da qual fazem parte eletricistas, operadores de máquinas etc. ” Este mercado eu diria que é contornável, pois existem instituições que preparam as profissionalizações, como o Senai, que oferece condições de o individuo  ganhar um oficio e receber um treinamento que o permita ocupar uma função na empresa, à qual cabe o ônus de treiná-lo especificamente as atividade. Os fabricantes também vêm desenvolvendo ações nessa direção ”, declara.

Para Edson Martinho, os profissionais formados atualmente atendem os requisitos mínimos para atuarem no mercado, mas alerta que é importante que cada um faça posteriormente uma especialização ou adequação à sua área. o grande problema não está nos profissionais  de escolas, mas nos que se formam pela prática, como eletricista ou instalador.        ” O profissional relativamente perigoso no mercado é o pai, que aprendeu com o avô, que aprendeu com o bisavô, mas que continua fazendo o que este último fazia, sem evoluir com o tempo ”, comenta.

IT-41: 1 ANO DE VIGÊNCIA

Como sabemos, a certificação de instalações elétricas no Brasil ainda não apresenta novidades no âmbito compulsório. O que existe atualmente em funcionamento é a instrução Técnica nº 41/2011, do Corpo de Bombeiros do Estados de São Paulo, a qual está embasada nas prescrições da NBR 5410 e nos regulamentos das autoridades de concessionárias de energia elétrica.

Eduardo Daniel esclarece que o que difere a IT-41 do trabalho realizado pela Certiel é que além da inspeção visual, a associação  realiza também os ensaios. ” Eu diria que 80% dos problemas verificados, são encontrados durante a inspeção visual, e os outros 20% nos  ensaios. Normalmente, começamos o trabalho de inspeção visual antes de terminar a obra, o que facilita bastante ” conta.

O engenheiro civil Adilson Antônio da Silva, major PM e sub-chefe do apartamento de segurança conta incêndio Corpo de Bombeiros da Policia Militar do Estado de São Paulo, faz uma avaliação das condições após um ano da entrada em vigor da IT-41 e afirma que houve um despertar dos profissionais de segurança contra incêndio para o assunto, aumentando, assim, o grau de consciência. ” Após a edição da IT-41, muitos profissionais nos procuram querendo informações sobre instalações elétricas. O melhor caminho é realmente é de conscientizar as pessoas para o correto uso da eletricidade, as quais devem ter ciência dos riscos e sempre procurar profissionais habilitados para realizarem serviços nas instalações elétricas, bem como manutenções periódicas ”, recomenda.

Atualmente, empresas e comércios que precisam do auto de vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) se preocupam em obter um documento do engenheiro que ateste que a instalação elétrica está de acordo com os requisitos da norma ou com regras de segurança.

” Ainda não temos uma divisão em percentual de instalações novas e antigas de forma conclusiva. O que podemos adiantar é que efetivamente estamos melhorando a prevenção contra incêndios com a aplicação da OT-41 ”, declara Adilson Silva.

Pesquisa desenvolvida pelos bombeiros junto às entidades do setor revela inúmeros problemas nas instalações elétricas de edifícios existentes:

  • 60% das instalações são consideradas em condições precárias, 30% são regulares e 10% consideradas boas.
  • 20,9% dos edifícios não apresentam (fio-terra), 15% não têm aterramento e outros 15% apresentam sobrecarga nos circuitos.
  • Entre os itens básicos  – que são passíveis da inspeção visual, 14,9% das entidades acreditam que o principal requisito de uma instalação elétrica é ter o fio-terra, seguido de existência de um sistema de aterramento (12,8%) e presença de dispositivo DR de proteção contra choques elétricos (10,6%).

De acordo com o documento, os itens principais da inspeção visual são quadros elétricos, componentes elétricos, linhas elétricas, proteção contra sobrecargas, curto-circuitos e choques elétricos, serviços de segurança contra incêndios e documentação elétrica.

É importante destacar que a inspeção visual das instalações será realizada por profissional habilitado pelo CREA para este tipo de serviço, que deverá seguir as instruções da IT-41 e entregar para o bombeiro a declaração de conformidade da instalação devidamente assinada pelo responsável técnico  pelo proprietário da edificação. Somente obras consideradas em conformidades com as exigências da IT-41 terão o auto da vistoria emitido pela corporação.