Redação
Pode-se dizer que há quatro tipos de equipamentos portáteis: os dispositivos certificados para atmosferas explosivas (Ex), como, por exemplo, tocha de segurança ou monitor de gás; os dispositivos não certificados para Ex, mas que estão abaixo do nível de energia necessário para produzir uma fonte de ignição, como, por exemplo, um relógio alimentado por uma única pilha tipo botão não recarregável; os dispositivos não certificados para Ex que podem ter energia suficiente para produzir uma fonte de ignição, mas cujo uso foi avaliado como não perigoso, como os marcapassos cardíacos; e os dispositivos não certificados para Ex que podem ter energia suficiente para produzir uma fonte de ignição, mas cujo uso foi avaliado como perigoso, como uma furadeira com bateria recarregável. Esses tipos de equipamentos podem criar faíscas elétricas, superfícies quentes, descargas eletrostáticas e outras fontes potenciais de ignição. Elas podem ser criadas de várias maneiras, por exemplo, escovas de motor, botões de pressão, danos causados por impacto, propriedades eletromagnéticas. Isso não significa ignorar o potencial de acúmulo de eletricidade estática, especialmente em invólucros não condutores, mas, em geral, isso não é significativo, a menos que haja um alto risco de geração de eletricidade estática, como um dispositivo preso a um cinto ou alça de ombro. Por tudo isso, há especificações técnicas que apresentam as orientações ao proprietário ou operador para a utilização de equipamentos eletrônicos portáteis ou pessoais, a serem utilizados em áreas classificadas que exijam nível de proteção de equipamento (EPL) Gb, Gc, Db, ou Dc, que ainda não estejam disponíveis comercialmente com uma certificação.

Da Redação –
Os equipamentos portáteis ou pessoais adequados podem não estar disponíveis comercialmente com um certificado para utilização em áreas classificadas, mas cuja utilização pode ser necessária por motivos operacionais ou de saúde e segurança, ou podem ser comumente utilizados como itens pessoais. A aceitação de equipamentos sem certificação para utilização em áreas classificadas dependeria das políticas da organização usuária e da avaliação de riscos ou das necessidades, em cada caso.
As especificações técnicas destinam-se a ajudar os usuários a compreenderem o potencial de ignição destes equipamentos eletrônicos portáteis ou pessoais. Esta orientação pode ser ainda mais limitada em função da existência de regulamentações em alguns países. Elas abordam os riscos pertinentes para equipamentos eletrônicos portáteis e pessoais, como ignição por faíscas, superfícies quentes, faíscas geradas mecanicamente, eletricidade estática, radiofrequência, energia ultrassônica e radiação óptica. A tabela abaixo apresenta os exemplos de equipamentos elétricos portáteis e pessoais para utilização em áreas classificadas. Esta lista não pretende ser abrangente ou completa de equipamentos que podem ser avaliados como equipamentos elétricos pessoais ou portáteis (portable or personal electrical equipment – PEP).

A ABNT IEC/TS 60079-48 de 07/2024 – Atmosferas explosivas – Parte 48: Equipamento eletrônico portátil ou pessoal — Guia para utilização de equipamento sem certificação em área classificada descreve que os locais contendo gases ou vapores inflamáveis ou poeiras combustíveis são classificados de acordo com a NBR IEC 60079-10-1 ou NBR IEC 60079-10-2. Os equipamentos eletrônicos portáteis ou pessoais com fontes de alimentação incorporadas, como baterias, podem se tornar uma fonte de ignição nessas áreas classificadas.
Alguns testes e avaliações de equipamento portátil ou pessoal podem ser conduzidos pelo proprietário ou operador da instalação, ou por outra parte aceita pelo proprietário ou operador da instalação, desde que este seja competente nos requisitos de certificação de equipamentos para atmosferas explosivas. De acordo com os requisitos legais vigentes no Brasil, equipamentos de instrumentação, automação, telecomunicações e elétricos têm que possuir certificado de conformidade Ex emitido por organismo de certificação acreditado pelo Inmetro, para serem instalados ou utilizados em áreas classificadas como Zona 0, 1, 2, 20, 21 ou 22.
Se houver um equipamento adequado, disponível comercialmente, com certificado para utilização em atmosferas explosivas, ele deve ser sempre utilizado. Este documento não pode ser utilizado como justificativa para a utilização de equipamentos sem certificação para atmosferas explosivas, tendo como base uma questão de preferência, por exemplo, para apoiar uma atividade de atualização ou parametrização de software em área classificada, se a tarefa puder ser modificada de modo que um equipamento com certificado para utilização em atmosferas explosivas possa ser utilizado.
No entanto, em algumas circunstâncias, alguns tipos de equipamentos ou recursos especiais podem eventualmente não estar disponíveis comercialmente. Por exemplo, câmeras com certificação Ex são disponíveis comercialmente, mas podem não ser capazes de executar algumas funções específicas, que sejam requeridas em casos específicos.
Nestas circunstâncias, a especificação técnica identifica a categoria típica de PEP que pode ser utilizada. Nos casos particulares em que não estiver disponível comercialmente equipamento adequado com certificado para atmosferas explosivas, a tabela abaixo apresenta as orientações sobre a aplicação de equipamentos portáteis ou eletrônicos sem certificado para atmosferas explosivas, em uma determinada área classificada.
Os conceitos de PEP, descritos neste documento, podem não ser apropriados para todas as atividades de trabalho, nos casos em que exista um risco elevado, de ignição. Por exemplo, a drenagem de equipamentos para atividades de manutenção em uma área que requeira equipamentos Ex que proporcionem EPL Gc poderia levar a uma condição de segurança mais rigorosa, durante o período da execução dos serviços.

Dessa forma, é recomendado que todos os PEP sejam adequados às condições ambientais e influências externas em que serão utilizados, por exemplo, temperatura ambiente, bem como que atendam a todos os seguintes critérios, conforme aplicável. A transmissão de energia de radiofrequência (EIRP na faixa de 9 kHz a 60 GHz) não pode exceder os seguintes limites de potência: saída máxima de 2 W para Grupo IIC; saída máxima de 3,5 W para Grupo IIB; e saída máxima de 6 W para Grupo IIA ou Grupos IIIA/IIIB/IIIC.
Esses limites têm como base os limites indicados na NBR IEC 60079-0 e simplificados para usuários em geral. Pode-se acrescentar, ainda, os equipamentos não resfriados por ventilação forçada, por exemplo, um ventilador requerido para resfriamento do microprocessador. Nenhuma geração de centelha elétrica ou faísca mecânica durante a operação normal.
Nenhuma temperatura de superfície externa superior a 60 °C em operação normal. Sem motores elétricos, a menos que seja parte integrante de um dispositivo móvel, para alerta vibratório. Nenhuma energia ultrassônica superior a 0,1 W/cm2 e 10 MHz.
Nenhuma radiação óptica que não seja uma fonte de Classe 1 que, de acordo com a IEC 60825-1, é aplicável a equipamentos a laser e com LED. Nenhum componente piezoelétrico no equipamento elétrico que possa estar sujeito a impacto ou não protegido de outra forma contra impactos. Nenhuma função identificável que exija liberação rápida de energia. Por exemplo, um flash de alta energia para câmeras ou supercapacitores.
Para o gerenciamento de riscos eletrostáticos, para itens com dimensões menores que 10.000 mm² para os Grupos IIA ou IIB, e com dimensões menores que 2.000 mm² para o Grupo IIC, não é necessário considerar os riscos eletrostáticos. Ver ABNT IEC TS 60079-32-1 para obter orientações adicionais sobre riscos eletrostáticos em atmosferas explosivas.
A verificação dos requisitos indicados na especificação técnica pode ser feita com base em uma declaração ou nas especificações do fabricante. Exemplos de alguns equipamentos aos quais podem ser atribuídos PEP 1b/PEP 1c e PEP 2c são indicados no Anexo A.
Os equipamentos pessoais que atendam aos critérios gerais indicados e todos os critérios adicionais indicados a seguir para equipamentos EPL Gc e Dc podem ser designados como PEP 1c: alimentado por fonte com tensão não superior a 4,5 V cc e com capacidade não superior a 350 mAh. Com exceção de equipamento médico certificado, é recomendado que as células de lítio atendam aos requisitos das normas de segurança aplicáveis, por exemplo, UL 1642 ou IEC 62133-2.
Para outros Grupos de equipamentos que não o Grupo IIIC, os terminais expostos (por exemplo, terminais de conexão para carregamento de bateria) devem ser embutidos, protegidos por diodo ou protegidos de outra forma, de modo a evitar um centelhamento ou descarga causado(a) por um curto-circuito acidental nesses terminais. Para o Grupo IIIC, nenhum terminal exposto (por exemplo, terminais de conexão para carregamento de bateria).
A limitação de tensão em 4,5 V é oriunda da NBR IEC 60079-11 e a limitação de capacidade é feita com base nas especificações típicas da bateria para dispositivos do tipo smartwatch. Para os requisitos adicionais para PEP 1b, EPL Gb e Db, os equipamentos pessoais ou portáteis que atendam aos critérios gerais indicados em 5.1 e 5.2 e a todos os critérios adicionais indicados a seguir para equipamentos EPL Gb e Db podem ser designados como PEP 1b: sem terminais expostos; sem fabricação do invólucro em liga leve. É recomendado que os materiais utilizados na fabricação dos invólucros não contenham, em massa, mais de 7,5 % no total de magnésio, titânio e zircônio.
A capacidade máxima total da bateria recarregável é de 150 mAh e a capacidade máxima total da bateria não recarregável de 300 mAh. Para os requisitos adicionais para PEP 2c, EPL Gc e Dc, os equipamentos pessoais ou portáteis que atendam aos critérios gerais já indicados e a todos os seguintes critérios adicionais podem ser designados como PEP 2c: ter passado no teste de queda especificado na Seção 7, ou em um teste equivalente; e nenhuma conexão elétrica externa ou acessórios com fio são utilizados na área classificada.
Os terminais expostos (por exemplo, terminais de conexão para carregamento de bateria) são embutidos ou protegidos por diodo para evitar um centelhamento ou uma descarga causada por um curto-circuito acidental desses terminais. Não possui interruptores do tipo “liga-desliga”, com contatos centelhantes que interrompam diretamente a corrente da bateria.
Um interruptor do tipo “liga-desliga”, que interrompa a corrente da bateria, não é aceitável para PEP 2, porque o interruptor pode causar um arco elétrico com capacidade de causar uma ignição da atmosfera explosiva que pode estar presente no local. Se o operador do interruptor não for um dispositivo de posição mantida e requerer a mesma ação para ligar e para desligar, é provável que seja um interruptor eletrônico. Geralmente os equipamentos eletrônicos utilizam o tipo de interruptor eletrônico do circuito.
Para componentes eletrônicos integrados em produtos têxteis, é recomendado que estes componentes sejam avaliados como sendo resistentes a danos que possam levar a uma fonte de ignição, com base em medidas de durabilidade aplicáveis. Como exemplo, pode-se citar as tecnologias vestíveis (wearables) que podem ser embutidas em vestimentas, roupas, palmilhas ou outros itens, como componentes de luvas.
Os fatores de durabilidade podem incluir diversas abordagens, dependendo do item considerado. Por exemplo, a durabilidade dos tecidos macios pode incluir a resistência ao desgaste ou ao rasgo. Para uma palmilha de sapato, pode ser desgaste por atrito e fatores de ciclo de carga, ou, para uma luva, pode ser outro impacto durante uma queda ou em outra superfície em utilização.
Em suma, é recomendado que exista um processo de controle gerencial e treinamento para assegurar que equipamentos elétricos portáteis ou pessoais não apresentem uma possibilidade inaceitável de ignição quando utilizados em áreas classificadas. Convém que seja implementada uma política detalhando quais equipamentos eletrônicos portáteis ou pessoais são permitidos e quais itens não são permitidos sem avaliação adicional, de acordo com este documento, e uma avaliação de risco, quando necessário.
É recomendado que, nos casos em que esta política identificar que os itens sejam avaliados mais detalhadamente, um registro de dispositivos considerados adequados para utilização seja mantido por pessoas responsáveis, incluindo quaisquer restrições de uso, como, por exemplo, um invólucro ou um estojo (case) protetor para o equipamento elétrico. É recomendado que as avaliações de PEP e o desenvolvimento de políticas incluam a presença de uma pessoa competente nos requisitos sobre instalações em áreas classificadas e equipamentos para atmosferas explosivas.
É necessário que a disponibilidade de equipamentos adequados, com certificado para atmosferas explosivas, seja verificada periodicamente. Convém que seja estabelecido um plano para reduzir continuamente a utilização de equipamento PEP, nos casos eventuais em que eles ainda sejam aplicáveis.
É recomendado que, antes da entrada em área classificada, seja verificado se todos os PEP estão livres de danos visíveis e se estão funcionando normalmente. É necessário que quaisquer PEP danificados ou funcionando de forma anormal sejam retirados de serviço.
É necessário que todo equipamento PEP seja retirado da área classificada quando a pessoa sair da área classificada. Convém que não seja permitida(o) a substituição de baterias ou o carregamento de baterias de equipamentos PEP em áreas classificadas.
Como requisitos adicionais para PEP 2c, convém que o proprietário ou operador das instalações em atmosferas explosivas estabeleça um processo de inspeção, incluindo um cronograma de verificação de acompanhamento, no qual uma pessoa competente nos requisitos sobre equipamentos e instalações em atmosferas explosivas estabeleça se um determinado equipamento elétrico pode ou não continuar sendo aceito como PEP 2c. É recomendado que seja mantido um registro dos equipamentos avaliados como PEP 2c e que sejam documentadas quaisquer restrições de utilização, como requisitos para um estojo (case) ou invólucro protetor. A utilização do equipamento PEP 2c pode depender adicionalmente da aplicação de um procedimento adequado de trabalho seguro. Por exemplo, a utilização de detectores de gás.
Para o teste de queda ou drop test, uma amostra representativa do equipamento, na forma na qual ele se destina a ser utilizado em área classificada, é deixada cair sobre uma superfície horizontal de concreto, de uma altura de 2 m. O teste é repetido com a queda do dispositivo em quatro orientações, consideradas aquelas com maior probabilidade de causar uma falha. O dispositivo não pode ser reparado entre os testes. Na conclusão do teste, é necessário que a integridade do invólucro não possa ser comprometida, é necessário que a célula, o acumulador ou a bateria não tenham deslocado ou desconectado, e o dispositivo continua a funcionar de acordo com a sua utilização.
Artigo atualizado em 27/11/2024 11:01. Por Revista Digital, AdNormas