Segurança em Silos: a importância da IT 27

Um silo nunca é só um lugar para guardar grãos, sementes ou farinhas. Dentro deles, reside a continuidade de operações inteiras. É por isso que tratar a segurança desses espaços como um luxo a mais é um erro que ninguém pode cometer. É aqui que entram em cena as ferramentas regulatórias.

Para avaliar se tudo está em ordem, e se os riscos estão sob controle, foi criado o DHA (análise de riscos em poeiras combustíveis. Esse documento confirma se a estrutura aguenta o que se espera dela, se o ambiente está adequado e se há condições de trabalho seguro.

No Brasil, a principal referência para esse processo é a Instrução Técnica 27 (IT 27), do Corpo de Bombeiros. Ela funciona como um guia de boas práticas para evitar incêndios e explosões e, ao mesmo tempo, proteger pessoas e operações.

Qual é o objetivo da IT 27?

O objetivo da IT 27 não poderia ser mais direto: prevenir incêndios e explosões em locais que armazenem materiais inflamáveis ou combustíveis. Para isso, ela reúne medidas que envolvem tanto a infraestrutura quanto as pessoas que trabalham no espaço.

Entre as principais orientações estão o distanciamento adequado entre produtos, a sinalização clara das áreas de risco e o uso de sistemas de ventilação e supressão de chamas. Mas a instrução vai além do básico. Ela também exige brigadas de incêndio treinadas, manutenção periódica dos equipamentos e o uso de extintores adequados para cada tipo de material. Riscos sempre existirão, mas quando são conhecidos, monitorados e controlados, eles deixam de ser uma ameaça.

Onde se aplica a IT 27?

A IT 27 se aplica a locais onde se armazenam produtos alimentícios. Por “produtos alimentícios”, nos referimos a cereais, sementes, açúcar e farinhas. Parece simples, não é? Que problemas esse tipo de material poderia gerar? Infelizmente, pouca gente tem noção do tamanho dos prejuízos que podem ser gerados pelo menor dos descuidos.

Imagine um silo de milho sem o controle adequado de umidade. O produto pode se decompor em poucos dias ou atrair pragas difíceis de conter. A ventilação, quando mal projetada, compromete a qualidade dos grãos e ainda aumenta o risco de combustão. Ou ainda, considere a possibilidade de faíscas. Se o gás ali dentro (muito inflamável) entrar em contato com algo que provoque a ignição, o incêndio resultante é impossível de ser controlado.

Por isso, a importância do laudo técnico. Ele verifica se as normas estão sendo seguidas e, ao mesmo tempo, ajuda a identificar falhas antes que elas se tornem problemas maiores. Prevenir sempre será mais seguro e mais barato do que corrigir.

Como funciona a IT 27?

O DHA é o documento que verifica se o que a IT prevê está mesmo sendo aplicado na operação. Isso significa avaliar a ventilação, checar os dispositivos de combate a incêndio e confirmar se as rotinas de inspeção e manutenção estão em dia. Funciona como um check-up completo, mostrando o que está correto, apontando fragilidades e orientando o que precisa ser ajustado.

Esse processo torna a prevenção parte da rotina da operação. A cada laudo, a empresa tem a chance de corrigir falhas antes que virem ameaças. O resultado é menos chance de acidentes, maior preservação do patrimônio e, acima de tudo, mais segurança para os trabalhadores que dependem do silo todos os dias.

Conclusão

A IT 27, mais do que uma lista de afazeres, é quem coloca ordem na casa e mantém os silos funcionando com segurança. Quando aplicada de forma correta, preserva a qualidade dos produtos, garante estruturas em boas condições e protege quem trabalha nesses ambientes.

Se essas normas forem encaradas como burocracia, já saímos perdendo. A IT 27 veio para ser uma ferramenta de gestão de riscos, um recurso que mantém operações seguras, eficientes e humanas. Se a entendemos como aquela responsável por manter viva a confiança em todo o processo de armazenagem, fica muito mais fácil entrar nos conformes.

Por Flavio Cavalcante Konis – 22 de outubro de 2025.