Confira insights e curiosidades sobre o processo de atualização das normas NR 10, NBR 14039 e NBR 5410

NR-10 – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE | Por Aguinaldo Bizzo

Conforme texto colocado em consulta pública em 2020, vide Aviso da Consulta Pública nº 1/2020, no processo de revisão da Norma Regulamentadora nº 10 (Norma Regulamentadora de Segurança em
Instalações e Serviços em Eletricidade), é descrito no item que se refere ao Campo de Aplicação, a seguinte redação: esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo das diversas fontes de energia elétrica, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação e manutenção de instalações elétricas de baixa, média e/ou alta tensão, em corrente alternada e/ou contínua, de caráter permanente ou temporário.

Considerando o disposto no texto vigente, ocorrerão mudanças significativas?

Sim! Ocorrerão mudanças estruturais, especialmente no que se refere a “instalações elétricas temporárias”, ou seja, basicamente a proposta equipara instalações elétricas permanentes ou
temporárias.


Essa abrangência é fundamental, considerando a realidade existente quanto à precariedade de instalações elétricas temporárias, que devido essa condição, não seguem padrões construtivos estabelecidos em normas técnicas. Assim, independente do ‘tempo de vida’ da instalação elétrica, essa
deverá ser projetada, construída e mantida de forma adequada, por profissional habilitado, considerando as premissas estabelecidas em normas técnicas aplicáveis, garantindo a segurança das pessoas expostas ao “agente de risco (perigo) ” da eletricidade.


Também deve ser ressaltada a abrangência para as diversas fontes de energia elétrica. As novas formas de geração de energia elétrica estão contempladas, como eólicas e solar, onde novos processos de trabalho exigem avaliações específicas e adequadas quanto ao gerenciamento de perigos e riscos elétricos intrínsecos a essas modalidades de geração, especialmente, no que diz respeito ao choque elétrico, arco elétrico e perigos externos (riscos adicionais).

NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão | Por Paulo Barreto

IDENTIFICAÇÃO DOS CONDUTORES


De forma genérica, a NBR 5410 estabelece que os componentes de uma instalação elétrica devem ser identificados pela sua finalidade (a menos que não haja possibilidade de confusão). Isso deve ocorrer para dispositivos de proteção, manobra, comando, condutos, condutores entre outros.


Para o caso específico dos condutores, o item 6.1.5.3 da NBR 5410 estabelece que eles devem ser identificados pela sua função. Por exemplo: função fase; função neutro; e função proteção. Essa identificação pode ser feita pela cor da isolação ou da cobertura, ou por outro meio claramente indicado na instalação.


Com o passar do tempo, algumas dúvidas sobre a aplicação desse requisito foram surgindo, em função de peculiaridades das instalações e de necessidades específicas, principalmente no caso de
reformas, tais como:


• Em quais locais essa identificação deve ser feita?
• Em caso de se utilizar fita, qual seria a cor da fita?
• Qual seria a cor para o caso de condutores das ligações
equipotenciais principal e suplementar?
• Pode-se ter mais de um critério de identificação em uma mesma
instalação?


Essas perguntas foram devidamente respondidas no projeto de revisão da norma que se encontra na fase de análise dos votos pela comissão de estudos, conforme segue:


1 – Assim como já era previsto em 6.1.5.3.3 para o caso do condutor PEN, para o qual a identificação pela cor azul-clara, com anilhas verde-amarelo, deve ser feita nos pontos visíveis ou acessíveis, assim
também ficará determinado para todos os demais casos. Ou seja, se a opção pela identificação da função for feita por outro meio que não a cor da isolação (ou cobertura), essa identificação deverá ocorrer em todos os pontos visíveis ou acessíveis dos condutores, tais como, caixas de passagem ou derivação, e não apenas nos quadros de distribuição como costuma ocorrer.

2 – Para o caso de identificação por fita, nada melhor do que utilizar o mesmo tipo de cor que seria utilizada para a isolação. Ou seja, no caso do condutor neutro, a fita deverá ser na cor azul-clara.


3 – A norma define cor para o caso de condutor de proteção, mas é omissa para o caso de condutor de equipotencialização e para condutor de aterramento. Nesses casos, o projeto de revisão fixou a mesma cor (verde-amarela ou verde) para todas essas funções, já que, no fundo, trata-se de funções semelhantes e que visam a equipotencialização.


4 – E por fim, uma mesma instalação ou parte de instalação poderá ter mais de um meio de identificação de condutores (por exemplo cores, anilhas, fitas etc.), desde que sejam devidamente indicados quais foram os meios utilizados e a correspondente descrição da codificação utilizada.

NBR 14039 -Instalações elétricas de média tensão | Por Marcos Rogério

TESTES FINAIS EM INSTALAÇÕES DE MÉDIA TENSÃO

Quando a construção ou a modificação de uma instalação elétrica em MT é concluída, após uma inspeção visual, onde itens como conformidade com requisitos de segurança, medição de distâncias relativas à proteção contra os choques elétricos, verificação da presença de dispositivos de
seccionamento e comandos, e identificação dos condutores neutro e de proteção entre outros procedimentos prescritos na ABNT NBR 14039 são concluídos, é importante proceder um teste da instalação.


Este procedimento deve englobar os seguintes itens:

a) Continuidade elétrica dos condutores de proteção e das ligações equipotenciais principais e suplementares;
b) Resistência de isolamento da instalação elétrica;
c) Teste de tensão aplicada;
d) Teste para determinação da resistência de aterramento conforme prescrito na ABNT NBR 15749;
e) Testes de funcionamento.

Como regra geral, os testes devem ser realizados com valores compatíveis aos valores nominais dos equipamentos utilizados e com o valor nominal de tensão da instalação.


Neste texto, gostaria de chamar a atenção do leitor para os testes de funcionamento que devem ser aplicados. Montagens como cubículos de MT, quadros elétricos, acionamentos, controles, intertravamentos, comandos e sistemas com relés de proteção etc, devem ser submetidas a um teste de funcionamento para verificar se o conjunto está corretamente instalado e se os relés estão devidamente parametrizados, em conformidade com a filosofia de operação do projeto.


Como os relés de proteção digitais atuais são fabricados para utilização das mais diversas formas e condições de operação, a cada novo projeto, devem ser avaliado os comportamentos esperados e as
funcionalidades de todas as interfaces (entradas e saídas digitais físicas e virtuais, lógicas de operação, intertravamentos e comunicação) com os equipamentos da instalação.


As principais verificações durante o comissionamento do sistema de proteção são:

a) verificação da relação de transformação e da polaridade dos transformadores de corrente (TC) e dos transformadores de potencial (TP);
b) verificação da fiação desde os transformadores auxiliares para aquisição das grandezas elétricas como corrente e tensão até o(s) relé(s) de proteção;
c) confirmação da existência e funcionabilidade de bornes de teste no circuito de alimentação de corrente e tensão para o(s) relé(s) de proteção;
d) inserção no primário do TC, no mínimo de uma corrente no valor de 10% da corrente nominal a fim de comprovar a correta conexão para detecção da corrente residual;
e) verificação do planejamento e da implementação das entradas e das saídas digitais do(s) relé(s) de proteção;
f) verificação do sistema de alimentação auxiliar;
g) constatação da existência de sistema ininterrupto de energia para garantir a alimentação auxiliar do(s) relé(s) de proteção com capacidade para energização por duas horas;
h) verificação da existência de um sistema capaz de disparar a bobina de desligamento do disjuntor;
i) verificação da existência de sinalização de defeito no(s) relé(s) de proteção pela função autocheck e de baixa tensão da alimentação auxiliar. Ambas as condições devem causar o desligamento do disjuntor;
j) verificação da existência de registro por oscilografia no(s) relé(s) de proteção e sua ativação quando prevista no estudo de seletividade;
k) parametrização dos ajustes das funções de proteção e seus tempos de atuação conforme especificados no estudo de proteção de curto-circuito e seletividade.

É importante notar que, após a realização dos testes, um relatório deve ser elaborado pelo profissional responsável pelo procedimento. Este relatório deve conter pelo menos:

a) descrição de quais equipamentos e instrumentos foram utilizados no comissionamento, registrando fabricante, tipo, modelo e data de aferição;
b) detalhamento do sistema de alimentação auxiliar e registro das medidas obtidas para o(s) relé(s) de proteção;
c) relação dos testes realizados, tanto para correntes de cada fase (função 51/50) como para a corrente de neutro (função 51N/50N), anexando os arquivos de ajustes, tempo de atuação, informes de falta e de eventos gerados pelo(s) relé(s) de proteção.
d) informar os ajustes dos relés de subtensão, sequência de fase e de sobretensão (funções 27, 47 e 59) na entrada de energia;
e) no caso de instalações de paralelismo (momentâneo ou permanente) de geração particular com a rede de distribuição, registrar os valores obtidos nos testes para as funções ANSI 27, 59, 81, 67, 67N 59N, 32 e 78.

É importante que, nessa memória dos testes, conste nome do profissional responsável pelo teste, número do registro no conselho de classe, data de realização do teste e assinatura.
Lembre-se sempre que, uma instalação adequadamente projetada, corretamente construída, com emprego de componentes de qualidade e certificados, e testada conforme as normas técnicas, será sempre a segurança para os operadores, para o proprietário e para toda a sociedade.

Revista Setor Elétrico, Ed 206, outubro de 2024