A importância dos detalhes típicos de projetos elétricos e de instrumentação “Ex” – Parte 1/3

Uma das etapas iniciais dos empreendimentos relacionados com instalações em áreas classificadas é a fase de projeto (básico e de detalhamento) e de seleção de equipamentos elétricos, de instrumentação, de automação e de telecomunicações “Ex” a serem supridos e posteriormente instalados.

Os requisitos para a execução destas atividades estão descritos na Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 60079-14 – Atmosferas explosivas – Parte 14: Projeto, seleção de equipamentos e montagem de instalações em áreas classificadas. 

Um dos documentos normalmente elaborados na etapa de projeto e seleção de equipamentos “Ex” são os chamados “DETALHES TÍPICOS DE PROJETO”, que têm por objetivo apresentar a especificação técnica e a forma de montagem “típica” para diversos tipos de equipamentos “Ex” que são por sua vez de aplicação “típica”, como motores, luminárias, caixas de junção, botoeiras, motores, painéis de distribuição de circuitos de força, controle e instrumentação, tomadas de força e instrumentos transmissores, atuadores e posicionadores “Ex”.

Em muitos casos, as empresas que possuem áreas classificadas optam por contratar os serviços de empresas de projeto para o detalhamento dos projetos de elétrica, instrumentação, automação e telecomunicações “Ex”. Em alguns casos, dependendo das características do contrato com as empresas contratadas para a execução do projeto “Ex”, faz parte do escopo da empresa projetista a elaboração dos detalhes típicos de projeto “Ex”, com base na documentação disponível pela empresa de projeto ou considerando as diferentes experiências individuais de cada empresa projetista. 

A colocação da elaboração dos detalhes típicos de projeto no escopo das empresas projetistas não contribui para a padronização de materiais, uma vez que cada empresa de projeto pode possuir seus próprios detalhes de projeto, os quais podem ser diferentes dos detalhes de projeto elaborados por outras empresas de projeto, para outros projetos ou outras instalações. Isso acaba acarretando na indevida multiplicidade de tipos de equipamentos, produtos, componentes, tipos de proteção e métodos de instalação, resultando em uma despadronização de materiais e elevação dos níveis de estoque de componentes para reposição. 

Além disto, as diferentes empresas de projetos podem possuir diferentes experiências em instalações em áreas classificadas, incluindo sistemas de distribuição de cabos por bandejas ou eletrodutos, especificação de materiais de instalação com especificações diversas (como por exemplo, materiais de instalação em aço inoxidável, aço galvanizado ou alumínio) instalações aparentes ou subterrâneas e equipamentos com diferentes tipos de proteção “Ex”.

No entanto, muitas empresas usuárias de equipamentos e instalações em áreas classificadas possuem seus próprios detalhes típicos de projeto “Ex”, desenvolvidos com o passar do tempo, de forma a consolidar as suas próprias experiências, boas práticas e lições aprendidas acumuladas ao longo do histórico de suas operações, muitas vezes colhidas em diferentes instalações, em diferentes localidades, com diferentes tipos de processo e diferentes influências externas.

A existência de detalhes típicos de projeto “Ex” próprios das empresas proprietárias dos equipamentos e das instalações “Ex” contribui também para a padronização de materiais, equipamentos ou componentes “Ex” a serem utilizados, bem como para a redução de itens de estoque, contribuindo para a redução de custos de armazenamento e de gestão de ativos “Ex”.

Pode ser citado neste caso de padronização de detalhes típicos de projeto “Ex” o exemplo indicado na norma Petrobras N-2040 – Rev. F – Elaboração, Apresentação e Gerenciamento de Documentos de Projetos de Eletricidade – Procedimento. Esta norma é categorizada como “pública”, estando disponível para livre acesso na página “Canal Fornecedor” daquela Empresa, na Internet. Na norma sobre projetos de eletricidade são abordados requisitos específicos sobre os detalhes típicos de projeto a serem utilizados para fins de especificação dos equipamentos “Ex” como para a montagem de campo dos equipamentos “Ex”.

“Seção 5.5.3 – Documentação Elaborada e Emitida pela Projetista no Projeto de Detalhamento de Eletricidade

NOTA 4: É recomendado que os detalhes típicos de instalações elétricas sejam elaborados, de preferência, pelos usuários do projeto, de forma a consolidar as suas boas práticas existentes ou padrões de suas instalações.

Dentre os conjuntos de desenhos de detalhes típicos a serem utilizados ou elaborados, incluem-se os seguintes: detalhes típicos de sistemas de iluminação, detalhes típicos de distribuição de força e controle e detalhes típicos de suportes e fixações. [Prática recomendada]”

São apresentados a seguir alguns exemplos que ilustram alguns detalhes típicos de projeto, elaborados por usuários de equipamentos e instalações em áreas classificadas, incorporando suas experiências, boas práticas e padronizações de equipamentos e componentes “Ex”. São apresentados também a seguir alguns exemplos de montagem de campo de equipamentos elétricos e de instrumentação “Ex”, atendendo aos detalhes típicos aplicáveis utilizados na fase de projeto de detalhamento de instalações em áreas classificadas.

Os exemplos de detalhes típicos apresentados a seguir, utilizados por diversas empresas da indústria do petróleo e petroquímicas, tanto do Brasil como de outros países do mundo, incorporam diferentes tipos de equipamentos elétricos e de instrumentação e diferentes tipos de proteção “Ex” disponibilizados no mercado por fabricantes de equipamentos “Ex”.

Autor:

Por Roberval Bulgarelli, engenheiro eletricista. Mestrado em Proteção de Sistemas Elétricos de Potência pela POLI/USP. Consultor sobre equipamentos e instalações em atmosferas explosivas. Representante do Brasil no TC-31 da IEC e no IECEx. Coordenador do Subcomitê SCB 003:031 (Atmosferas explosivas) do Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB 003/COBEI). Condecorado com o Prêmio Internacional de Reconhecimento IEC 1906 Award. Organizador do Livro “O ciclo total de vida das instalações em atmosferas explosivas”.