Em janeiro de 2012, o desabamento de três prédios no Rio de Janeiro provocou a morte de pelo menos 17 pessoas e o desaparecimento de 3, o que deixou a população perplexa, e consternada. Entre as hipóteses para explicar a tragédia, surgiu o enfraquecimento da estrutura de um dos prédios – o primeiro a ruir que, por sua vez levou ao desabamento dos outros dois, causado por uma obra no nono andar, onde possivelmente teria feito cortes em vigas.
Nos outros dias seguintes, outras informações começaram a aparecer. Uma delas dizia que o prédio possuía originalmente menos andares e houve a adição de mais três. A empena, que originalmente era cega, conforme década de 60, apresentava algumas janelas (umas até mais grandes), inclusive no nono andar, onde acontecia a reforma. Questionado sobre o assunto, o proprietário da empresa que promovia a obra disse que ” como outros abriram janelas, ele também abriu”.
A mídia discutiu a quantidade de entulho acumulado no andar da obra a partir da observação de um vídeo amador. O proprietário disse não acreditar que aquilo era um problema, já que se tratava do mesmo peso existente no local. Segundo ele, o vídeo foi mostrado a alguns engenheiros, que também não teriam visto nenhuma anormalidade nessa questão. No entanto, não se garante que a ação tenha sido feita de forma segura se esse profissionais não são especialistas na análise de estruturas e se não fizeram estudo das solicitações especificas do carregamento naqueles pontos, considerando as consequências de possíveis descaracterização da concepção original do prédio. Circulou ainda a informação de que um corte de 15cm havia sido feito na laje do andar da obra. Em relação a isso, o proprietário respondeu que eram obras de embelezamento, de mudanças de banheiros, etc, as quais se caracterizaram como um risco a edificação.
Deve-se ter em mente que mudanças em uma unidade do edifício podem comprometer o vizinho. Desta forma, tais alterações precisam ser avaliadas não manter no foco do apartamento ou andar a ser modificado, mas também nas consequências impostas a estrutura e os vizinhos. E isso necessita ser avaliado por um profissional especializado na área.
Cabe ressaltar que, se consideradas as consequências das diversas alterações, um estudo poderá apontar a última obra como a ”gota da água” . O fato é que a perícia deverá buscar os indícios e apontar possíveis causas mas seja qual for o laudo, as famílias não terão mais a companhia do seus entes queridos.
Modificações em atmosferas explosivas
Nas instalações em áreas classificadas , uma vez que há risco de explosão, há necessidade de os equipamentos elétricos serem previamente avaliados e comercializados com os respectivos certificados de conformidade. Esta condição garante ao usuário a segurança do que foi avaliado. Mas podem ser feitas modificações futuras?
Com relação ao tema ” alteração de características originais ” em equipamentos EX, o item 10 da NBR IEC 60079-14, norma que fornece requisitos para instalações em atmosferas explosivas, estabelece: ” Alterações de componentes internos do equipamento não são permitidas sem uma reavaliação do equipamento, por que inadvertidamente podem ser criadas condições que resultem em uma pré-compreensão, mudança na classe de temperatura ou outras questões que podem invalidar o certificado”.
Esse é um pouco interessante, pois alerta que modificações aparentemente ” inofensivas ” podem comprometer as características do equipamento frente a uma explosão.
Por sua vez, a norma NBR IEC 60079-19, que traz os requisitos para manutenção e reparos, aborda o tema no item 4.4.3 : ‘‘Nenhuma modificação deve ser realizada em equipamento certificado, a menos que esta modificação seja permitida no certificado e aprovada por escrito pelo fabricante”.
Nas instalações EX, deve haver claro entendimento e compromisso do usuário com projeto original dos equipamentos instalados, uma vez que a provação nos ensaios que levaram a certificação foi obtida para o projeto original.
Nos equipamentos elétricos ” comuns ”, não há grande preocupação com relação as modificações, pois o foco limita-se a funcionalidade e resistência as condições ambientais. Já nos equipamentos EX, o foco vai além deses tópicos, abrangendo o funcionamento seguro em atmosferas explosivas, que somente pode ser avaliado por um profissional especializado.
Caso você possua exemplos de modificações efetuados em equipamentos EX, envie-os para em@arandanet.com.br. Tais casos poderão ser abandonados em um próxima edição.
Estelito Rangel Junior.
Engenheiro eletricista e primeiro representante brasileiro no Technical Committee 31 da IEC