Novos requisitos sobre equipamentos intrinsecamente seguros para atmosferas explosivas Parte 2/2

Na Parte 1/2 deste Artigo “Ex” sobre os novos requisitos para equipamentos intrinsecamente seguros foram abordados os principais parâmetros e características deste tipo de proteção para equipamentos e instalações em atmosferas explosivas.

O tipo de proteção por segurança intrínseca proporciona um dos mais elevados níveis de segurança para instalações em áreas classificadas contendo atmosferas explosivas. De forma consistente e defensável, este tipo de proteção Ex “i” pode ser considerado como sendo um dos mais seguros e o menos propenso a erros ou falhas humanas, quando comparado com os outros tipos de proteção “Ex”.

O tipo de proteção Ex “i” é internacionalmente aceito, existindo ainda uma aceitação progressiva de certificados de conformidade “Ex” emitidos no âmbito internacional, o que faz com que este tipo de proteção seja cada vez difundido e aplicado nos recentes projetos de indústrias das áreas químicas, petroquímicas, petróleo & gás, siderúrgica, mineradoras, de alimentos e farmacêuticas, entre outras.

Uma das características mais importantes da utilização do tipo de proteção por segurança intrínseca reside no fato desta proporcionar uma adequada solução para uma grande quantidade de problemas relacionados com atmosferas explosivas para equipamentos que requeiram baixa energia. Além disso, o tipo de proteção Ex “i” é o único que atende a esse critério de possibilitar a instalação de sistemas baseados em baixos níveis de energia em qualquer tipo de zona ou de grupo de área classificada, seja de gases ou poeiras.

Os principais fatores nos quais se baseiam as vantagens e os benefícios da aplicação do tipo de proteção por segurança intrínseca em atmosferas explosivas são os seguintes:

• O mesmo equipamento intrinsecamente seguro normalmente satisfaz tanto os requisitos para gases inflamáveis como para poeiras combustíveis;

• A aplicação criteriosa das três categorias de proteção da segurança intrínseca (“ia”, “ib” e “ic”) assegura que sejam utilizados os equipamentos adequados para cada nível de risco. Neste caso, normalmente “ia” é aplicado em Zona 0 ou Zona 20, “ib” é aplicado em Zona 1 ou Zona 21 e “ic” é aplicado em Zona 2 ou Zona 22, a menos que um estudo de risco adicional tiver definido um EPL (Equipment Protection Level) específico para as características de um projeto em particular;

• Pela sua simplicidade de instalação e manutenção, esta técnica de proteção contribui para diminuição da possibilidade de introdução de falhas de instalação que podem gerar riscos na instalação, pelo pessoal envolvido em serviços de montagem, manutenção e inspeção “Ex”;

Estes fatos, combinados com sua utilização flexível, utilizando equipamentos convencionais de mercado e a sua capacidade de trabalho a quente tendem a tornar a proteção Ex “i” como a opção básica para sistemas industriais de instrumentação e automação em atmosferas explosivas para as indústrias do setor químico, petroquímico, de óleo & gás, farmacêutico, siderúrgico, mineração, alcooleiro e de alimentos, entre outros.

Figura 5 – Exemplo de instalação de barreiras de segurança intrínseca com isolação galvânica com tipos de proteção “Ex”, fonte de alimentação e gateway Ex “db eb IIC T6 Gb”, em área classificada, com comunicação com DCS por meio de cabos de fibra óptica.
Figura 6 – Exemplo de instalação de
instrumentos intrinsecamente seguros (Ex“i”), caixa de junção do tipo segurança aumentada (Ex “e”) e cabos dos circuitos de interconexão, montadas em área não classificada.

No presente momento, com o inexorável desenvolvimento exponencial da tecnologia, a segurança intrínseca tem ganhado cada vez mais aplicações, como por exemplo em sistemas de comunicação wireless, robótica, smartphones, tablets, câmeras termográficas, RFID, instrumentação industrial, dispositivos portáteis e pessoais e wearables.

Como uma adequada “extensão” da aplicação do conceito da “segurança intrínseca” são disponíveis também no mercado os equipamentos, dispositivos switches de campo que integram redes de comunicação Ethernet a DOIS fios intrinsecamente segura (2WISE – TwoWire Intrinsically Safe Ethernet), de acordo com a ABNT IEC TS 6007947. Esta pode ser considerada como sendo uma nova “revolução anunciada”, levando, finalmente as redes de comunicação Ethernet a DOIS fios, intrinsecamente seguras, ao “chão de fábrica” das indústrias de processo.

Figura 7 – A revolução Ex “i” anunciada: Sistemas Ethernet intrinsecamente segura a DOIS fios (2-WISE) em áreas classificadas do chão de fábrica da indústria de processo.
Figura 8 – Exemplo de aplicação de sistemas com padrão Ethernet APL, com circuitos em Ethernet a dois fios, intrinsecamente seguros (2-WISE), utilizados em atmosferas explosivas. Switch de Campo 2-WISE (Field Switch) conectado a um instrumento transmissor de campo 2-WISE, por meio de circuito de derivação (spur) intrinsecamente seguro.
Figura 9 – Exemplo de aplicação de um Switch 2-WISE instalado em área classificada, conectado a diversos instrumentos de campo sensores, transmissores ou atuadores 2-WISE.

A Comissão de Estudo CE 003:031.004 (Segurança intrínseca) do Subcomitê SCB
003:031 (Atmosferas explosivas) da ABNT/ CB003 (Eletricidade), responsável pela elaboração e adoção da respectiva Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 6007911, acompanhou, em nome do Brazil National Committee of the IEC, todo o processo de elaboração, comentários, atualização, votação, aprovação e publicação desta Norma internacional IEC 6007911 Ed. 7.0.

Mesmo antes da publicação da IEC 6007911 Ed. 7.0, em 01/2023, foram iniciados pela Comissão de Estudo CE 003.031.004, em 10/2022, os devidos trabalhos de atualização da respectiva Norma Técnica Brasileira adotada ABNT NBR IEC 6007911, com base no respectivo documento FDIS (Final Draft for International Standard), incorporando as alterações apresentadas nesta nova edição desta norma internacional.

Mais informações sobre a Norma Técnica internacional IEC 6007911 Edição 7.0 estão disponíveis na IEC Webstore: https:// webstore.iec.ch/publication/60654.

Por: Roberval Bulgarelli é consultor sobre equipamentos e instalações em atmosferas explosivas. Organizador do Livro “O ciclo total de vida dos equipamentos e instalações em atmosferas explosivas”, membro de Comissões de Estudo do Subcomitê SCB 003:031 (Atmosferas explosivas) da ABNT/CB-003 (Eletricidade) e de Grupos de Trabalho do TC 31 (Equipamentos para atmosferas explosivas) e do IECEx (Sistema internacional de certificação “Ex”) da IEC.